Salar de Uyuni e as belezas do Sudoeste da Bolívia

Oi, pessoal!

Espero que tenham curtido o primeiro post da minha viagem pela Bolívia (junho/2022). Continuarei meus relatos, compartilhando com vocês agora um pouco da aventura que foi os 33 dias que passei no famoso Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo que fica no sudoeste da Bolívia, em um lugar que já foi um lago.

O mais comum, pelo menos para os turistas brasileiros, é fazer o deserto de Atacama, no Chile, e de lá seguir para o Salar de Uyuni, tanto é que não encontrei nenhum brasileiro durante os três dias. Eu optei por fazer de forma diversa, começando por Uyuni, mesmo porque eu tinha apenas 9 dias e para a explorar a Bolívia e a travessia para o Chile me tomaria muito tempo, além de onerar bastante a viagem.

Como eu não queria arriscar que desse algo errado nesse passeio, fiz uma pré-reserva (sem compromisso) com uma agência de Uyuni, a mesma que meus amigos contrataram há alguns anos. Os três dias de passeio, incluindo o guia, o transporte, a acomodação e as refeições, ficaram por 750 Bo (= R$ 560,00), um pouco menos que a média cobrada pelas agências (800 Bo).

Porém, verifiquei que não era preciso reservar, visto que, tanto em La Paz como em Uyuni (inclusive na rodoviária), existem diversas agências que oferecem esse passeio. Por isso não recomendo contratar no Brasil, pois irá pagar muito mais caro. Além do mais, ao menos na baixa temporada, as agências de turismo compartilham os turistas para poder formar os grupos (6 por carro), ou seja, você pode contratar o passeio com uma empresa e viajar com outra.

Eu fui de ônibus de La Paz para Uyuni, com a empresa Titicaca (130 Bo = R$ 97,00) e, após 9 horas de viagem, cheguei ao meu destino às 7h. A parada do ônibus é na rua e quando desci quase congelei, pois a temperatura estava – 7 ºC !! Era só o começo de uma viagem congelante!

O rapaz da agência que eu contratei estava me esperando e me levou até o escritório, onde eu deixei as malas. Como o tour só começava às 10h, fui tomar café da manhã no Café Mür Bistro (perto do terminal de ônibus). Ele é bastante procurado pelos turistas que, como eu, chegam cedinho à Unyuni para ir para o Salar, por isso eles abrem às 4 da manhã e com um cardápio variado, adaptado para os estrangeiros.

Meu café da manhã reforçado: chocolate quente, pães, manteiga, geleia, ovos mexidos com queijo e tomate e vitamina de banana (33 Bo = R$25)

Na hora marcada, o guia Santos me pegou e me juntei ao grupo formado por um casal da Costa Rica (Sofia e Marlon), Jaime (El Salvador) e um casal da Polônia (Ana e Dan). Seriam meus companheiros pelos três dias seguintes.

  • DIA 1 Salar de Uyuni e entorno

No primeiro dia, ficamos pelo entorno de Uyuni, para onde retornaríamos para dormir. A primeira parada foi no Cemitério de Trens, distante cerca de 10 minutos do centro da cidade. Segundo o guia, os trens foram desativados entre as décadas de 70 e 80. Hoje ainda passa um trilho de trem de carga que vai até o Chile.

Um dos “defuntos” de trem

A parada seguinte foi em um povoado que fica no caminho do Salar e onde um senhor explica como se faz a extração do sal e a produção dos blocos de construção (feitos do mesmo mineral) e do sal de cozinha. É a hora de aproveitar para comprar souvenir nas barraquinhas!

Esculturas e sofá feitos com blocos de sal

Em seguida, já entramos no deserto de sal. Fizemos uma parada rápida em um local com vários pontos de afloramento de água (não é potável). Nosso guia disse que era o “deserto respirando”!

Água aflorando do solo

Seguimos por aquela imensidão de sal até chegar à placa do Rally Dakar Bolívia, monumento em homenagem à famosa competição de carros que passa por lá. Tem também um local com bandeiras de diversos países, além de um restaurante de sal, onde várias excursões param para almoçar, mas o nosso guia escolheu um lugar mais especial.

Monumento do Rally Dakar Bolívia
Monumentos das bandeiras

Continuamos salar adentro! O guia nos deixou em um local para fazermos umas fotos, enquanto montava a estrutura do almoço.

Cenário perfeito para fotos
Lutando contra um perigoso dinossauro no Salar!
Dando um banho de sal grosso na galera!

Foi uma refeição inesquecível, em meio àquela imensidão de sal, com uma comidinha simples, mas bem saborosa. O cardápio foi: legumes no vapor, arroz de quinoa, bife e salsicha, de sobremesa banana.

Nosso almoço no deserto de sal!

A parada seguinte foi na Ilha Incahuasi, um “mar” de cactos gigantes rodeado pelo deserto de sal. Eles cobram 15 Bo (=R$ 11) para dar a volta na ilha e usar o banheiro. Mas dá para tirar belas fotos na parte gratuita. Ficamos uns 15 minutos e seguimos para o pôr do sol no espelho d’água.

O “mar” de cactos na Ilha Incahuasi
Olha só o tamanho dos cactos!
A ilha de cactos fica no meio do deserto de sal

Apesar de ser a época de seca, demos sorte a ainda tinha uma parte do deserto com lâmina de água, formando um imenso espelho! O visual é sensacional, principalmente no pôr do sol. Foi incrível! A agência nos entregou galochas para caminharmos pela água. Fomos surpreendidos pelo guia que montou uma linda mesa com petiscos e vinho pata admirarmos o pôr do sol. Que dia!

Espelho d’água no salar!
Lugar perfeito para fotos!
As maravilhosas surpresas do nosso guia!
Vinhozinho e petiscos para admirar o espetáculo do sol
Um brinde a esse lugar maravilhoso!

Um dia especial como este merecia uma acomodação a altura! Nos hospedamos em um maravilhoso hotel (Hotel Rustico Casona de Sal) em Uyuni, construído com blocos de sal (incluso no pacote), com uma maravilhosa cama e um quarto bem quentinho! A comida também estava deliciosa, tanto no jantar, como no café da manhã!

Quarto do Hotel Casona de Sal Rustica
Banheiro do meu quarto
Nosso jantar no hotel
  • Dia 2 – O deserto boliviano e as lagoas

Começamos nosso segundo dia de tour com uma parada para comprar lanchinhos, após uma hora de estrada, em San Cristobal, cidade mais arrumadinha, cuja principal fonte de renda é a mineração (prata, chumbo…). Seguimos por mais uma hora de carro até chegar ao Vale de la Roca, repleto de pedras gigantes e de formatos diversos.

Vale de la Roca

Continuamos deserto a dentro, subindo cada vez mais e, consequentemente, chegando a lugares cada vez mais frios. O branco do sal deu lugar ao branco da neve! A paisagem foi mudando e nos deparamos com cenários belíssimos! Várias lagoas com cores que variavam de acordo com o tipo de minério que estava misturado a suas águas.

A primeira lagoa que visitamos foi a Laguna Chulluncani, a cerca de 20 minutos do Vale de La Roca, rodeada por vulcões inativos com neve no topo. Ela estava congelada, mas com patinhos e flamingos. Muito frio!

Laguna Chulluncani
Flamingos curtindo o frio na lagoa

O almoço do segundo dia foi no meio do deserto, onde comemos sentados nas rochas na companhia de vizcachas (coelhos com um rabo grande, como uma mistura de coelho com kanguru). As rochas nos protegeram do frio, então foi um almoço muito agradável! O cardápio foi frango, arroz, legumes e o omelete que sobrou do menu vegetariano da Ana.

Santos, nosso guia, organizando o almoço
Almoço no deserto
Uma vizcacha me acompanhando no almoço

Seguimos pelo deserto, com paisagens incríveis. O coitado do Santos tinha que parar de instante em instante para tirarmos fotos. Para amenizar o mal da altitude, o guia nos dava folhas de coca para mastigarmos. Ajudou bastante!

Os contrastes de cores do deserto nevado me deixaram encantada!
Folhas de coca para amenizar o mal da altitude
Cenários muito fotogênicos

Paramos em mais uma lagoa, dessa vez foi a Laguna Pelada, também cheia de flamingos.

Laguna Pelada

Seguimos até a Árvore de Pedra, onde paramos para fotos. Não dava para ficar muito tempo, pois o frio estava intenso!

Congelando para tirar foto na Árvore de Pedra

A última parada do dia foi na Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Varoa, um parque nacional que cobra uma entrada de 150 Bo (R$ 110). Sua atração principal é a Laguna Colorada, que fica bem pertinho da entrada da reserva. A lagoa fica a cerca de 4500 m de altitude!

A tão famosa Laguna Colorada

Depois da parada na Laguna, fomos para o nosso alojamento, que fica dentro do parque. Ele é bem simples, sem calefação e sem água quente! Então, sem condições de tomar banho. Não existe quarto privativo, apenas dormitórios, de modo que dormimos os seis juntos, num quarto bem gelado. O lugar menos frio do alojamento era o refeitório, onde fomos recebidos com bebidas quentes, biscoitinhos e, em seguida, o jantar: uma deliciosa sopa de milho com legumes de entrada e espaguete com carne de llama ao molho sugo e queijo de cabra ralado. Aproveitamos a água quente da garrafa térmica para escovar os dentes e lavar o rosto!

Para dormir quentinha, deitei vestida com 2 calças, 2 blusas de lã, 3 casacos, 1 meia, além disso, entrei em um saco de dormir e coloquei várias mantas por cima. O guia disse que na madrugada estava cerva de -15° C e não duvido, pois nunca estive em um lugar tão frio! A água que deixei na cabeceira da cama quase congelou e as que ficaram no carro congelaram.

Dormi muito bem, apesar de, no começo, ter sentido dificuldade para respirar (acho que pela pressão da altitude e pelo frio; era como se os cobertores fossem muito pesados) e de ter ficado com nariz entupido. Meus companheiros de quarto ficaram impressionados como eu consegui dormir, pois ninguém mais conseguiu, seja pelo frio, seja pelo barulho dos outros. Sou “boa de cama”! ahhahah

Sopinha quentinha para aquecer!
Dormitório congelante
Saco de dormir e cobertores para me aquecer
  • Dia 3 – Gêisers, banho termal e muita paisagem bonita

O último dia do tour começou congelante! Acordamos às 5h, tomamos café no refeitório e começamos nosso passeio.

Café da manhã no frio!

Até dentro do carro com o aquecedor ligado estava frio! A estrada estava cheia de neve, o que nos impediu de visitar uma das lagoas. Por isso, fomos direto para o Gêiser Sol de Mañana, distante cerca de 25 minutos do alojamento.

Os gêiseres são vapores de água e de enxofre que resultam da atividade vulcânica. Um deles era artificial, pois perfuraram o solo e colocaram uma tubulação, por isso o vapor sai mais concentrado. Os outros são naturais e mais perigosos, não sendo possível chegar perto. Em 2019, um turista chinês caiu dentro de um e morreu em decorrência das queimaduras.

Foto do grupo no Gêiser Sol de Mañana (no artificial)
A uma distância segura do gêiser natural

De lá seguimos, por mais uns 40 minutos, até as Águas Termais de Polques, onde existem duas piscinas de água natural (nascente) e quente, sendo uma com 25°C e outra com 35° C. A entrada é paga e custa 6 Bo (R$ 4,50) e paguei mais 10 Bo (R$7,50) pelo aluguel da toalha. O lugar é bem simples. Tem um vestiário (sem banheiro) perto da piscina, onde troquei de roupa e saí correndo (o frio estava grande) direto para a piscina de 35°C. Pela primeira vez, após várias horas, estava bem aquecida! Não queria mais sair de lá! Tinha medo de sair da água, mas até que foi de boa. Impressionante como aquele banho conseguiu manter meu corpo aquecido.

Águas Termais de Polques
Banho maravilhoso!! Não queria mais sair!
Sofia e Marlo resistiram, mas entraram

Já aquecidos, seguimos por mais uma hora e meia até a Laguna Capina, que já fica fora do parque (a Reserva que havíamos entrado no dia anterior). O mineral que predomina nessa lagoa é o bórax.

Laguna Capina
Um pouco das belezas da paisagem do caminho de volta para Uyuni

Já no caminho de volta para Uyuni, paramos para almoçar na Villa Mar, um povoado muito pequeno sem nada muito interessante para oferecer.

Llama em uma propriedade privada em Villa Mar
Último almoço em grupo

A parada seguinte foi na Itália Perdida, com várias rochas vulcânicas esculpidas pela água da chuva e pelo vento.

Lembrança do grupo em uma das rochas (verdadeiras esculturas) na Itália Perdida

Fizemos ainda uma parada na Laguna Negra, onde caminhamos por cerca de 10 minutos por um cannyon com um lindo visual até chegar à lagoa cheia de patinhos pretos.

Caminho até a Laguna Negra
Laguna Negra
Panorâmica do grupo na Laguna Negra
Uma “llamada”! ahahah

Tour chegando ao fim, seguimos viagem até San Cristobal e depois para Uyuni, onde nos despedimos. Jaime (o de El Salvador) resolveu ir comigo para Sucre, então jantamos no restaurante Laguna Colorada, em uma pracinha cheia de restaurantes, e fomos para a rodoviária pegar nosso ônibus noturno para a capital da Bolívia. Escolhemos a companhia Emperador (70 Bo = R$ 52,50).

Espero que tenham curtido os meus relatos da viagem pelo Salar de Uyuni e pelo deserto boliviano, da mesma forma como amei a trip!

Se ainda não leu o post de La Paz e entorno, acessem o link abaixo, pois ficou bem legal e com fotos de paisagens deslumbrantes:

Confiram os locais que visitei no mapa:

5 comentários

  1. Adorei o post! Você pode indicar o nome da agência? Já vi outros blogs onde pessoas relatam experiências ruins, então gostaria dessa dica. Obrigada!

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    • Oi, Gabriella! Que bom que gostou! Vou te passar o contato da agência que contratei, mas eles me colocaram no passeio de outra agência. Isso é bem comum lá na baixa temporada. As agências se juntam para não sairem passeios incompletos. Al extremo tours: +591 68386476

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      • Obrigada, Rafa! Estou me organizando aqui e não conheço ninguém que foi, então sua ajuda está sendo muito valiosa! rs Só pra entender, esse tour foi de 3 dias e de 2 noites? Você achou suficiente? E em qual horário retornou pra Uyuni? Estou aqui tentando fazer meu roteiro..

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      • É suficiente sim. Na verdade, todos que conheci que fizeram o Salar pela Bolívia ficaram esse tempo, acredito que seja padrão das agências.. Só o casal da Costa Rica que chegou uma noite antes para ver o céu estrelado na madrugada, mas pagaram por fora. Acho suficiente sim. Quem faz o Salar com o Atacama que fica mais tempo. Retornei para Uyuni no início da noite, com tempo de folga para jantar antes de pegar o ônibus para o próximo destino.

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