Olá, pessoal!
No post anterior eu comecei a contar como foi a viagem maravilhosa que fiz sozinha pelo Equador em 2023. Já falei dos dias que passei na capital, Quito, e agora chegou a vez de falar dos passeios de um dia (bate e volta) que fiz partindo de lá: o Parque Nacional Cotopaxi, o vulcão Quilotoa e a Cidade da Metade do Mundo. Por fim, depois farei outro post para relatar como foi a viagem a Baños, cidade situada na região central do país.
A viagem foi do jeito que mais gosto: espontânea, ou seja, sem muito planejamento anterior. Só tinha a passagem e as primeiras diárias no hostel de Quito, o resto foi se desenhando ao longo da viagem com base em indicações dos outros viajantes que fui conhecendo e nas dicas do meu amigo Fausto.
- Vulcão Quilotoa
Um dos passeios que me indicaram foi para o vulcão Quilotoa, famoso pelo lago formado em sua cratera. Optei por fazer o passeio de um dia apenas (U$ 50) e fiz a reserva pelo hostel de Quito (El Viajero Quito). Como eu tinha acabado de chegar ao país e ainda não estava bem situada, achei melhor ir de excursão mesmo, apesar de não curtir muito esse tipo de programa.
O ônibus da excursão me pegou no hostel por volta das 8h e seguimos viagem, cuja duração estava prevista para cerca de 3 horas até o vulcão (mais ou menos 180km de distância), com uma parada para lanchar. Porém, o ônibus quebrou e tivemos que esperar quase 40 minutos até chegar outro. Apesar do atraso, deu tudo certo!

Pouco antes de chegarmos ao vulcão, teve uma parada para visitarmos a casa de um morador local, o qual nos mostrou um pouco da sua rotina, alguns alimentos que ele cultiva, uns animais que cria, inclusive o cuy (porquinho da Índia), que é bastante consumido na região. Eles vendem alguns artesanatos também. Tudo bem simples, mesmo porque era a casa de um casal de idosos bem humildes. Confesso que não curti muito essa parada, mas entendo a intenção da agência de ajudar os moradores da região.


Mais adiante, fizemos uma paradinha bem rápida no mirante dos cânions formado pela passagem da lava do vulcão há vários séculos. Ao pesquisar na internet, vi que a última erupção do Quilotoa foi no século XIII.


Após mais de 4 horas de viagem, finalmente chegamos à cidadezinha de Quilotoa. O ônibus parou na ruazinha principal, onde ficam as pousadas, os bares e os restaurantes, bem perto do mirante.
O tempo não estava dos melhores, pois fazia muito frio, ventava muito e estava nublado, o que deixava a cor do lago mais escura, diferente do verde brilhante dos dias ensolarados. Mas, mesmo assim, achei muito lindo! Após a erupção do vulcão, a cratera foi preenchida por água da chuva, formando um lago com 3km de largura e 250 metros de profundidade, e que fica a 3900 metros acima do nível do mar.


O guia nos deu duas horas para curtir o mirante e descer pela trilha para a prainha do lago (La Playita Quilotoa). Na prainha tem uma estrutura com deck e umas construções de apoio, mas estava tudo fechado, não sei se pelo mal tempo. Apesar de parecer uma prainha mesmo, o banho não é permitido, pois a água possui substâncias tóxicas.



Acreditem se quiser, mas, do grupo da minha excursão, só eu desci caminhando até o lago. Afinal, eu não iria passar 4 horas em um ônibus só para tirar foto no mirante. Mas entendo quem não criou coragem para descer, pois a subida não é nada fácil, por causa da altitude e da inclinação. São 1,7km de caminhada cada trecho, com uma variação de cerca de 300 metros de altitude. Eu levei 25 minutos para descer e 55min para subir, já que precisei parar várias vezes para descansar (não é moleza respirar a quase 4000m de altitude). O pessoal disse que fui rápida, pois a maioria leva cerca de 1h30min para subir.


Tem a opção ainda de alugar jegue ou cavalo para subir (U$10), mas resolvi sofrer caminhando mesmo. O mais impressionante foi ver a senhorinha que segurava o cavalo do povo subir e descer várias vezes com facilidade, enquanto eu subia na luta.

Ao chegar de volta ao topo, juntei-me ao grupo para almoçar no restaurante Karu Nan, que ficava em frente ao mirante. O restaurante era bem aconchegante e quentinho, e a comida estava uma delícia! Pedi um prato bem famoso no Equador: locro de papas – sopa com batatas, acompanha queijo, abacate e milho (U$4). De barriga cheia, pegamos estrada de volta a Quito, o que levou 3 horas. Da estrada dá para avistar o famoso vulcão Cotopaxi.


Ainda sobre o Quilotoa, importante dizer que existem outras opções para chegar lá e também outras formas de explorar a região do vulcão. Apesar de a excursão ser a forma mais prática, não é a mais vantajosa, pois o tempo limitado impede que você explore mais a região, já que, por exemplo, não dá tempo de dar a volta na cratera do vulcão, um percurso de mais de 104km que leva cerca de 5 horas.
Para aqueles que queiram ir de forma independente, existem duas maneiras: aluguel de carro ou ônibus convencional. Eu não recomendaria ir de carro de aluguel, pois a estrada é bem sinuosa. A alternativa de ir de ônibus local, é a mais barata (as passagens de ônibus no Equador são muito baratas) e segura, mas exige uma disponibilidade maior de tempo. Tem ônibus direto saindo do Terminal Quitumbe em Quito e outras opções mais frequentes com mais paradas. É uma boa para os que desejam pernoitar por lá.
Muitos turistas optam por fazer o Loop do Quilotoa, uma caminhada que pode levar até 5 dias, que inclui a volta à cratera e a passagem por alguns povoados e cidadezinhas, como Latacunga, Zumbahua, Chugchilán, Isinliví e Sigchos. Algumas agências vendem esse passeio, mas vi que muitos fazem de forma independente mesmo. É possível alternar a caminhada com trechos em transporte público. E a dormida é nas hospedagens nas cidadezinhas. Cabe destacar que, devido à altitude (quase 4000m), é preciso um certo preparo para a caminhada, sendo ideal, pelo menos, um dia de aclimatação antes de começar.
- Parque Nacional Cotopaxi
Outro “bate e volta” que fiz saindo de Quito foi para o Vulcão Cotopaxi, que fica no Parque Nacional Cotopaxi, a 50 quilômetros de Quito. Esse vulcão, cujo cume está a 5897 metros de altitude, é o terceiro mais alto do mundo em atividade. Isso mesmo, ele estava em atividade quando fui lá. Fiquei meio sem entender, pois já me vinha à cabeça aquela imagem de lava saindo do vulcão. Mas me explicaram que há meses ele estava expelindo fumaça, motivo pelo qual o acesso de turistas ao cume estava proibido, porém que não tinha risco, naquele momento, de sair lava.

Diferente do passeio para o Quilotoa, esse eu fiz de forma independente, junto com o casal de holandeses (Flor e Leo) que conheci no tour pelo centro histórico da capital. Nós fomos de Uber até o Terminal Rodoviário Sul (Quitumbe), onde pegamos o ônibus (U$2.05) para Cotopaxi. Os ônibus saem a cada 10 minutos e é bem fácil de descobrir qual pegar, pois o pessoal é bem simpático e prestativo. É só avisar ao motorista que vai para o Parque Nacional Cotopaxi, que ele para na rodovia em frente à entrada dele.


Após descermos do ônibus, atravessamos a pista em direção à entrada do Parque e logo vimos os carros 4×4 dos guias. Um deles, o Angel, se aproximou e ofereceu seus serviços. Resolvemos fechar o passeio com ele, que foi super gentil e educado, e explicou todo o passeio, que custou U$21 por pessoa (já com o U$1 do registro no parque), já que éramos 3. Se fosse só uma pessoa, ficaria por U$51, duas por U$26 para cada e para 4 pessoas o valor era o mesmo cobrado ao trio.

Chegando lá, descobri que tem a opção de fazer uma parte do passeio de bike mediante o acréscimo de U$15 pelo aluguel do equipamento. Pena que não soube disso antes! Segui de carro mesmo com meus amigos holandeses.
Fizemos uma parada para tomar um chá de coca (U$ 2) e seguimos para o museu do parque (entrada inclusa no passeio). É um museu interativo bem legal que conta a história do parque, explica as espécies de fauna e flora e apresenta os vulcões das regiões e suas características. Além disso, tem uma lojinha de artesanato e uns quadros pintados em pele de ovelha.

Nossa segunda parada no parque foi na Lagoa Limpiopungo. Demos uma volta caminhando ao redor dela, em um percurso de cerca de 3km, com muito vento frio. De lá, a vista, principalmente o Cotopaxi e o Antisana, é bem legal.



Seguimos de carro até o estacionamento (4600m de altitude), ponto de partida para a subida caminhando até o refúgio do vulcão Cotopaxi com o Angel nos guiando.


Existem dois caminhos para o refúgio: um mais plano, que vai em zig-zag e outro mais íngreme com solo fofo. Pela lógica, é óbvio que a melhor opção seria o zig-zag, mas tivemos que ir pelo segundo, mais difícil, pois ventava muito e esse caminho é um pouco mais protegido do vento. Mesmo com essa proteção, o vento ainda estava muito forte. Foram apenas 800m de subida, mas pareceu uma meia maratona: ar rarefeito por causa da altitude, terreno inclinado, solo fofo e um vento muito forte.

Levamos cerca de 40 minutos para chegar até o refúgio, localizado a 4864 metros de altitude. Ficamos um pouco lá dentro para descansar e aproveitamos para carimbar nossos passaportes. Descemos e seguimos de carro com o Angel até a rodovia. Foram quase 5h de passeio. Bem legal!




Na frente da saída do parque, pegamos o ônibus de volta para o Terminal Rodoviário Quitumbe (U$ 1.75) e, de lá, o trole (BRT) (U$0.35) até o Centro Histórico de Quito.
- Cidade da Metade do mundo
Não poderia ir para o Equador e não fazer a clássica foto na Linha do Equador, que divide o mundo em dois hemisférios (Norte e Sul)! Ela fica na Ciudad Mitad del Mundo (Cidade da Metade do Mundo), isso mesmo! ahahah! Essa cidade fica na província de Pichincha, cerca de 25km do Centro Histórico de Quito.

Existem excursões em que essa atração é um dos pontos visitados, assim como dá para ir de táxi ou de Uber, mas achei tão tranquilo o transporte público, que fui com ele mesmo. E hoje em dia, com o Google Maps e outros aplicativos que detalham qual ônibus pegar, onde e em qual horário, fica tudo mais fácil! Levei cerca de 1 hora e meia para chegar e a passagem de ônibus custou U$ 0.40 (paguei o mesmo valor na volta). A parada é praticamente em frente à entrada.

O valor da entrada é de U$5 e a atração principal é o monumento que destaca a linha do Equador e foi construído em homenagem à missão geodésica francesa que, no século XVIII, descobriu por onde passava a linha imaginária. Ocorre que os GPSs modernos mostram a localização da linha a 200m do monumento. Mas tá valendo! Foi por pouco!


Além do monumento, existem outros espaços educativos, como pavilhões de exposição sobre a missão geodésica, sobre o Centro Histórico de Quito, de obras de arte, um planetário, um museu de experimentos científicos, áreas para apresentações culturais, restaurantes, lanchonetes e lojas de souvenir.

Como viram, o Equador, apesar de não ser um destino muito comum para os brasileiros, tem muito a oferecer. E olhe que, até agora, só falei sobre o Centro Histórico da sua capital, Quito, e de algumas atrações em seu entorno que dá para fazer “bate e volta”. Porém o país não se restringe a isso. Tem muito mais! Infelizmente, só passei 7 dias por lá, mas ainda sobrou um tempinho para conhecer a maravilhosa Baños, cidade que atrai diversos turistas e amantes de esportes de aventura. Sendo que sobre ela eu falarei no próximo post!
Até a próxima, pessoal!
MAPA:
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