Em 21 de maio de 2005 três amigas e eu chegávamos a Londres para uma deliciosa temporada de dez meses de aventuras pela terra da Rainha. Foi uma das melhores experiências da minha vida e fiquei com gostinho de quero mais. Até voltei a Londres a passeio, mas não era a mesma coisa, eu queria morar lá novamente. Porém, os estudos e o trabalho não permitiram que eu voltasse antes.
Mas, finalmente, consegui tirar a minha tão esperada licença capacitação. Pedi afastamento do trabalho por três meses para fazer parte de uma pesquisa na Unidade de Pesquisa em Acústica (ARU) na Universidade de Liverpool. Escolhi Liverpool por causa do orientador da pesquisa, Carl Hopkins, um dos acústicos mais renomados do Reino Unido e da Europa. Trocamos alguns e-mails, enviei meu currículo e ele me aceitou. Depois disso, não pensei duas vezes em ir para lá!
Não sabia muita coisa sobre a cidade e, confesso que não procurei saber muita coisa, pois queria aprender “in loco”. Para mim, não passava da cidade dos Beatles. Fui procurar no mapa e vi que a cidade fica às margens do rio Mersey, no condado de Merseyside, no Noroeste da Inglaterra, perto de Manchester e a 2 horas de trem de Londres (de ônibus são 5horas)! Também sabia que o sotaque de lá, o “scouse”, era bem diferente e era uma das coisas que mais me preocupava. Vi que o clima não era o dos melhores, consegue ser pior que o de Londres. O que me animava era que estava indo no verão.


Ao contrário de Londres, onde ainda tenho alguns amigos, não conhecia ninguém em Liverpool. Porém, uma amiga me passou o contato de uma menina que faz doutorado lá e ela seria meu anjo da guarda, minha amiga e até meu “banco” durante minha estadia na cidade e até nas viagens. Era a Carina, uma brasileira japinha muito legal que já estava por lá há dois anos.

Mas nada disso foi empecilho para mim! Juntei minhas milhas, comprei a passagem, arrumei as malas e parti!
Meu voo de ida foi um pinga-pinga da TAM com parceria com a Iberia. Saí de Maceió e, após longas conexões no Rio de Janeiro e em Madrid, com direito a uma hora de espera dentro do avião devido a fortes chuvas, cheguei a Londres! Lógico que não iria para Liverpool antes de matar as saudades dos amigos e da cidade que tanto amo, Londres! Fui recebida pela Andrea, uma amiga húngara que conheci quando morei lá. Ela me abrigou em sua casa e me acompanhou nos meus nostálgicos passeios pela cidade. Os detalhes das minhas visitas a Londres colocarei em outro post, neste irei focar em Liverpool!
Após um maravilhoso fim de semana de sol e calor em Londres, parti para Liverpool em um trem que partiu da estação de Euston, chegando à estação de trem Lime Street(01). Chegando lá, fui caminhando para o apartamento da Carina e do Felipe(02), que ficava a apenas 5 minutos a pé. Foi aí que minha “anjo da guarda” começou a entrar em ação. Eu havia feito uma reserva no Hatters Hostel(03) para passar uns dias até que conseguisse alugar um apartamento ou um quarto, mas ela ofereceu sua casa. Por coincidência, o prédio dela era vizinho do hostel que escolhi.
Sem querer incomodar, cheguei, deixei as malas e já saí em busca de um lugar para alugar, mas não consegui nada. Porém, três dias depois eu já estava alojada no meu maravilhoso quarto em um lindo apartamento perto da Universidade, graças ao Filipe, recifense arretado que divide apartamento com a Carina. Ele me apresentou o John, um Irlandês/Americano super gente boa que estava precisando de uma pessoa para dividir apartamento.



E também devo ao Filipe e a Carina as amizades que fiz! Eles me apresentaram uma galera muito legal, de todos os cantos do mundo, que eram meus companheiros de academia, de passeios, de balada e dos happy hours das sextas no A.J. (August John)(04), pub dentro da Universidade.



Também fui muito bem recebida no laboratório do grupo de pesquisa ARU, o qual era composto por dois professores e um técnico ingleses, Carl Hopkins, Barry Gibs (fenômeno da acústica no mundo!) e o Garry, um professor Sul Coreano e um grupo internacional de doutorandos: português, grego, japonês, chinês e coreanas. Foi uma experiência maravilhosa e única! A estrutura do laboratório e da Universidade era de primeiro mundo, acredito não haver nada comparável no Brasil! Aprendi muito nesses três meses trabalhando com eles.

A academia da Universidade era um dos meus lugares favoritos. Na verdade, é um centro esportivo, com quadras poliesportivas, piscinas, academia e quadras de squash. A estrutura é de primeira e o preço, em comparação às academias de Maceió, é muito baixo. Por 3 meses eu paguei £70 (equivalente a R$350,00 na época). Além de ser o lugar onde eu praticava meus exercícios diariamente, pois morria de medo de engordar como da minha primeira temporada inglesa, era o ponto de encontro dos estudantes e local onde conheci várias pessoas legais. Também era o lugar de colocar o papo em dia com Carina. De vez em quando me juntava à galera do doutorado da Química e da Biologia para jogar Badmington e Squash.

A cidade de Liverpool me surpreendeu! Ela tem uma riqueza cultural impressionante. Com mais de 800 anos de fundação, tem uma história muito rica: origem portuária (comércio marítimo), conflitos sociais, beatlemania, bombardeios e reconstruções. Ela já foi uma das principais cidades do Reino Unido, depois entrou em crise e vem se reerguendo cada vez mais! Em 2004 ganhou o título de Patrimônio mundial da UNESCO.
A Universidade de Liverpool fica bem próxima do centro da cidade. Meu apartamento(05) ficava bem pertinho, cerca de 15 minutos caminhando até o Harrison Hughes, o prédio da Faculdade de Engenharia(06), onde ficava o laboratório do ARU, e 5 minutos do Centro Esportivo(07).


Eu levava aproximadamente 20 minutos para ir ao centro da cidade, onde ficam: a exuberante Biblioteca Municipal de Liverpool(08) (adorava ir lá); museus; uma grande concentração de comércios, com seu principal shopping, o Liverpool One(09), e as lojas da Church st. (10) e de seus arredores; restaurantes, como os da Bold St.(11); uma grande aglomerado de pubs e de baladas; além de algumas atrações turísticas. É uma cidade muito segura também, caminhava tranquilamente de madrugada pelas ruas que estavam sempre cheias de pessoas. E era isso que eu mais gostava na cidade, a segurança e a liberdade de ir a pé para todos os lugares. Só precisei usar ônibus para ir para o aeroporto, que ficava a cerca de 40 minutos de casa. Táxi também é bem barato, principalmente os da empresa Delta. Quando estava muito cansada, pegava um táxi da balada para casa e saia sempre £3.




Os três meses passaram voando! Aprendi muito! Fiz boas amizades! Conheci pessoas do mundo todo e muitos ingleses bem legais, totalmente diferentes do padrão “frio”. Percebi que o scouse não era impossível e melhorei meu inglês. Passeei bastante pela cidade! Também aprendi a cozinhar (não muito, mas deu para sobreviver), já que a comida não é nem de longe o forte dos ingleses! Normalmente aos domingos eu fazia comida para a semana e levava minhas marmitas para a universidade. E foi graças às minhas comidinhas e ao centro esportivo que, diferente da minha primeira temporada inglesa, voltei para o Brasil com alguns quilinhos a menos.
Ah! E para quem não entendeu aquele Lambanana no postal, vou explicar. É um dos símbolos da cidade. Existem vários espalhados por ela, cada um com uma pintura diferente. O Lambanana é uma mistura de cordeiro com banana, representando a tradição portuária da cidade: exportadora de lã de cordeiro e importadora de bananas. Os lambananas surgiram em Liverpool em 1998 e foram criados pelo artista Taro Chiezo.

Chegou o dia de voltar para casa, mas não foi fácil me despedir dos novos amigos, do meu apartamento e desta cidade que me encantou!

Bom, tentei passar aqui neste post um pouquinho das minhas experiências nos três meses que passei em Liverpool. Nas publicações seguintes irei descrever melhor a cidade, mostrando os lugares que visitei, os museus, os bares, as baladas, os restaurantes, as lojas e demais opções de lazer.
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