24 horas em Joanesburgo (África do Sul) com direito a um tour privado

Olá, pessoal!
Em 2018, duas amigas, Bebel e Carol, resolveram encarar a aventura comigo pela África do Sul. Quem já me acompanha aqui sabe que escolho meus destino conforme as promoções de passagens aéreas disponíveis. E foi o que aconteceu, encontramos uma passagem com um preço ótimo pela TAAG, companhia aérea angolana, saindo de Guarulhos-SP com destino final na Cidade do Cabo, com conexão rápida em Luanda (capital da Angola).
Fomos montando o roteiro em conjunto, reservando as acomodações, comprando as passagens internas e definido o aluguel dos carros. Com isso chegamos ao seguinte roteiro: uma noite na Cidade do Cabo, já que o voo chegava por lá, em seguida uma noite em Joanesburgo, duas noites no Kruger, duas em Port Elizabeth, de onde partimos em uma trip de carro pela Garden Route, com direito a uma noite em Knysna e duas em Stellenbosch. Por fim, ficamos mais três noites na Cidade do Cabo.
Neste post, falarei sobre o dia que passamos em Joanesburgo e os demais destinos serão detalhados nos posts seguintes.
Ao contrário do que muitos pensam, Joanesburgo não é a capital da África do Sul, apesar de ser a maior cidade do país, cuja capital executiva é Pretória, tendo ainda mais duas capitais oficiais: Cidade do Cabo (legislativa) e Bloemfontein (judiciária).
Após uma passagem rápida pela Cidade do Cabo, pegamos um voo interno (Kulula)  de duas horas de duração para Joanesburgo. Havíamos pensado em não ir para lá, mas, como queríamos passar uns dias no Parque Kruger, ficou melhor, logisticamente, dormir uma noite em Joanesburgo e alugar um carro para, de lá, irmos para o Parque. Existia a possibilidade de ir de avião, mas ficava muito mais caro.
Como só tínhamos 24 horas em “Jo’burg”, optamos por ficar em uma acomodação mais próxima do aeroporto, onde pegaríamos o carro alugado para o Kruger. Ficamos em um bangalô amplo e bem legal no Blue Mango Lodge. Acomodações do tipo Lodge, bem comuns na África do Sul, são alojamentos em áreas mais selvagens e remotas.  
Nosso bangalô no Blue Mango Lodge
Quarto no Blue Mango Lodge

Quarto no Blue Mango Lodge
O pessoal do Lodge foi muito prestativo e, inclusive, fez o nosso transfer para  aeroporto (ida e volta). Também indicaram o guia com carro particular para um tour privado pelas principais atrações da cidade, com cerca de 6 horas de duração, o qual custou ZAR750.
No tour com o nosso guia particular
No caminho ele foi nos explicando sobre a origem da cidade, principalmente após George Harrison encontrar ouro na região(04/10/1886), o que trouxe pessoas do mundo todo para a cidade, que se tornou cosmopolita.
Estátua de George Harrison
Passamos em frente à Fundação Nelson Mandela, onde funcionava o escritório de advocacia dele após a sua saída da prisão. Em seguida paramos em frente à casa onde ele morou com a família durante a presidência e onde ainda moram sua viúva e alguns familiares. Na frente da casa, nos canteirinhos, as pessoas ainda deixam pedrinhas com mensagens em homenagem a ele.

Casa onde vive a família do Nelson Mandela

Pedrinhas em homenagem a Nelson Mandela

Fizemos a visita ao Museu do Apartheid, mas nosso guia não entrou com a gente. A entrada custou ZAR95 e vale muito a pena, pois é um museu maravilhoso, repleto de informações sobre o Apartheid, as prisões e as execuções, sobre a história de Nelson Mandela, dentre outros assuntos correlatos. Ele é gigante! Pena que só tínhamos 1 hora, por isso fizemos uma visita rápida. Mesmo assim deu para ter uma noção das arbitrariedades desse triste período da história do país, um marco na luta contra o racismo no mundo todo.

Museu do Apartheid

Já sentimos um pouco de como era o Apartheid na entrada do museu. No ingresso vem dizendo (isso é aleatório) se a sua entrada será pelo lado dos brancos (“blankes/ whites”) ou pelo dos “não-brancos” (“nie-blankes/ non-whites”).

Entrada separada para brancos e não-brancos
Na parede, o conceito do termo “apartheid”: sistema de segregação ou discriminação por motivo de raça na África do Sul
Exposição permanente mostrando como era feita a classificação racial na época
Exposição permanente “Jornada” que retrata a diversidade dos descendentes que migraram à África do Sul em busca do ouro
Uma famosa frase de Mandela escrita no muro, de modo que a sombra das letras reproduz a frase
Seguimos para o Soweto, região onde os negros ficavam segregados durante o Apartheid. Hoje é uma região com cerca de 3 milhões de habitantes, ocupada por pessoas de diversas faixas de renda, desde os mais humildes que vivem nas “checks”, construídas com chapas metálicas, até grandes casarões.
Entrada na região do Soweto
Casas do Soweto, muito parecidas com as nossas casas do PAR e de outros programas do Governo
“Checks”, que são casas bem humildes em chapas metálicas no Soweto
Nelson Mandela, antes de ser preso, viveu no Soweto e na sua casa hoje  funciona a “Mandela House”, um museu em homenagem a esse tão importante líder (entrada custa ZAR60), mas não entramos. Seu entorno é repleto de barraquinhas de artesanato e muitos ambulantes oferecendo produtos diversos.
Fachada da Mandela House
Mas adiante um pouco, fica a esquina onde várias crianças foram mortas por protestarem contra a forma de ensino no período do Apartheid. Dentre elas estava Héctor Pieterson que, em meio àquelas crianças, foi fotografado por um jornalista ao ser carregado ensanguentado por um jovem de 18 anos, enquanto era amparado por sua irmã. A foto viralizou pelo mundo todo  e foi construído, a poucos metros do local da tragédia, um museu em sua homenagem (Museu Héctor Pieterson). Também não entramos nesse, mas do lado de fora tem um memorial bem interessante.
Memorial Héctor Pieterson
Após esse passeio, a fome bateu e nosso guia nos levou para almoçar no restaurante Sakhumzi, de comida típica, perto da Casa do Mandela. É um buffet “livre”: entrada, prato principal e sobremesa por ZAR205. A parte de salada é comum, apesar de ter uma de feijão bem picante. As carnes também eram normais e tinha tripa de boi também, mas essa não me apetece. Os acompanhamentos que eram mais diferentes, mingau de milho, mingau de milho com abóbora e de um grão tipo cevada. As sobremesas eram bem comuns também. Não recomendo muito, pois a comida não estava saborosa e achei caro. É aquele estilo: o guia tem algum acerto com o restaurante para levar os turistas. Mas, como não nos sentimos seguras para desbravar a cidade em busca de restaurantes, achamos melhor ir na indicação do guia.
Sopa de entrada
Mesa de saladas
Buffet de carnes e acompanhamentos
Buffet de sobremesas
Provando a cerveja local
Antes de voltar para o Lodge, o guia resolveu passar pelo centrão de Johanesburgo para nos mostrar. É bem tumultuado, com trânsito e as pessoas passando pelo meio dos carros.
“Centrão” de Joanesburgo

Mas a cidade tem áreas nobres com edifícios modernos também: Sandton, com a maior concentração de hotéis modernos; Rosebank, bairro residencial, mas com shoppings e alguns hotéis; Melrose; e Randburg. Sugiro, dar uma boa pesquisada, inclusive em blogs, para escolher um lugar seguro e bem localizado. A cidade tem metrô, o que facilita o deslocamento. Confesso que ficamos com certo receio em ficar na cidade, pois ouvimos vários relatos de violência, principalmente contra mulher. Todavia, conheço várias pessoas que se hospedaram por lá e não tiveram problema algum.

No caminho de volta para o Lodge, passamos em frente ao Estádio FNB, que sediou jogos da Copa do Mundo de 2010. Assim, como os nossos estádios da Copa do Mundo do Brasil (2014), foi muito pouco usado após o evento, sendo considerado um elefante branco.

Estádio FNB que sediou jogos da Copa do Mundo de 2010
O jantar foi no restaurante do nosso Lodge, bem agradável e com um cardápio exótico (para nós brasileiros), mas bem gostoso. Comemos um delicioso bife de zebra com molho de jabuticaba e coxa de Impala (um tipo de antílope) com legumes. A Impala tinha pouquíssima carne, por isso não recomendo, mas a zebra estava incrível. A comercialização dessas carnes é permitida no país, portanto não foi nada ilegal. Sei que é estranho comer a carne desses bichinhos, mas é algo típico do país, e não podia deixar de ter essa experiência. Aproveitamos para tomar um vinhozinho, outra especialidade sulafricana.
Restaurante do nosso hotel Blue Mango Lodge
Vinho de entrada no jantar do restaurante do hotel
Zebra com molho de jabuticaba
Coxa de impala com legumes

Foi uma passagem rápida, mas proveitosa. Fico feliz em termos optado por conhecer um pouco dessa cidade tão importante para a África do Sul. Apesar de sempre evitar, nas minhas viagens, visitar locais com muita pobreza e sofrimento, algo que já vejo tanto no Brasil.

Até a próxima!

 

7 comentários

  1. Adoro receber detalhes de suas viagens. Gostei dessa por ter a história de um homem que foi muito importante não só para seu povo mas para o mundo.
    Muito grata!

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