Oi, pessoal!
Em junho de 2021, ainda com as restrições decorrentes da pandemia da Covid-19, resolvi explorar um pouco do Maranhão, estado que ainda não conhecia. A ideia era fugir das aglomerações e dos espaços fechados, por isso escolhi visitar os dois principais Parques Nacionais do Maranhão: a Chapada das Mesas, que fica no Centro-Sul do estado, e os Lençóis Maranhenses, ao Norte dele. A Tati, minha conterrânea e que também mora em Brasília, topou a aventura. São tantas belezas que dividirei meus relatos em dois posts, sendo este primeiro dedicado apenas à Chapada das Mesas.

Para visitar o Parque Nacional da Chapada das Mesas nos hospedamos no município de Carolina, distante cerca de 220km de Imperatriz, segunda cidade mais populosa do Maranhão, onde fica o Aeroporto de Imperatriz Prefeito Renato Moreira-(IMP), por onde chegamos.
Do aeroporto, existiam as seguintes formas de chegar a Carolina: transfer com agência (R$400,00 para levar nós duas), ônibus da JR 4000 saindo da rodoviária (R$ 40,00 por pessoa) ou van (R$60,00 por pessoa), além da opção de aluguel de carro, o que nem cogitamos. O transfer nós descartamos pelo valor, e o ônibus pelos horários, pois teríamos que esperar mais de 6 horas para pegá-lo. Com a ajuda do pessoal da agência que contratamos para a nossa expedição, a Trilha do Cerrado, pegamos a van no aeroporto, cerca de 15 minutos após a chegada do nosso voo e, após 4 horas de viagem, com direito a uma parada para almoço (tudo muito simples), chegamos à rodoviária de Carolina. Betânia, dona da agência, estava nos esperando e nos levou ao Hotel Lírio, nossa acomodação.
No final da tarde, ela nos levou para o bar Chega Mais, às margens do rio Tocantins, para ver o pôr do sol e para provar uma comidinha típica. Comemos uma “Panelinha” (Maria Isabel), que é uma mistura de arroz, frango, milho, queijo e mais vários outros ingredientes. Estava bem gostoso!


- Morro do Chapéu

No dia seguinte, começamos a nossa expedição. Contratamos o pacote de 4 dias com guia privado e o carro para nos levar aos locais, todavia as entradas nas atrações não estavam inclusas. Não pedimos exclusividade, pois queríamos conhecer outras pessoas.
Começamos pela trilha do Morro do Chapéu, de nível moderado, com a subida bem íngreme (em alguns pontos é quase uma escalada). Não é um passeio muito procurado, tanto é que não encontramos mais ninguém pelo caminho. O morro foi todo nosso! Não é cobrada entrada e a vista do topo é belíssima, fazendo valer o esforço da subida!


- Aldeia do Leão
Após a aventura no morro, almoçamos uma moqueca de arraia na Aldeia do Leão (R$ 5,00 a entrada), onde tem um banho bem gostoso.

Ainda estava previsto para esse dia as cachoeiras gêmeas de Itapecuru, sendo que o guia disse que faria outro dia, mas acabou não fazendo. Na minha opinião, a Aldeia do Leão é dispensável, pois apesar de ter um banho gostoso, a estrutura não é muito boa, de modo que acaba não sendo muito proveitoso para quem tem pouco tempo para explorar as outras atrações bem mais legais da Chapada.
- Encanto Azul
O segundo dia foi repleto de paisagens exuberantes! Após cerca de 2 horas de estrada (desde Carolina), chegamos ao Encanto Azul, local que faz jus ao nome. A cor da água é de um azul de impressionar e o banho é delicioso! A entrada custa R$ 30,00 (tem meia para estudante) e a trilha para os banhos é bem tranquila e sinalizada.




O passeio só não foi mais perfeito, pois fomos surpreendidas com um lugar cheio de gente. Confesso que não imaginava que o fluxo de turistas na Chapada das Mesas fosse tão grande, mas foi o que constatamos no Encanto Azul e nas demais atrações de fácil acesso. Porém, com paciência, conseguimos encontrar um cantinho legal para curtir um bom banho e tirar nossas fotos sem muita aglomeração.
- Complexo do Poço Azul
Do Encanto Azul seguimos de carro por mais 6km até o Complexo do Poço Azul (R$ 70 a entrada, estudante paga meia), onde é possível fazer diversas trilhas (bem fáceis e em passarelas de madeira) que levam para lugares belíssimos. Antes de irmos para as trilhas, almoçamos no restaurante self-service do complexo, que é bem bonito, com uma boa variedade de comidas e com um ótimo protocolo de higiene. O complexo também funciona como hotel, com diversos chalés bem charmosos.

Seguimos a trilha em meio à mata e chegamos a nossa primeira parada, o Poço Azul! Um lago com uma cor belíssima, água morna, que proporciona um banho maravilhoso! Junto à queda d’água, tem um buraco na rocha que parece um ofurô! Uma delícia ficar lá dentro enquanto a água massageia as costas!



Foi difícil sair daquele banho maravilhoso, mas tínhamos que conhecer as outras atrações. Subimos mais um pouco e chegamos à cachoeira Dona Luísa, que estava vazia” Amei ficar embaixo da queda d’água dela!

E a cereja do bolo ficou para o final: a cachoeira Santa Bárbara com sua queda de 76m de altura. O banho não é para qualquer um, pois o volume de água é muito grande, e a temperatura já é mais baixa, mas resolvi encarar. Também é possível se aventurar no rapel (R$150).


- Portal da Chapada
O terceiro dia de expedição começou bem cedo com o nascer do Sol no Portal da Chapada (entrada R$20,00), que não fica muito distante de Carolina. A entrada fica às margens da rodovia e, de lá, é preciso caminhar por uma trilha pequena até chegar ao Portal. Depois é só sentar e admirar o espetáculo, porém, vá preparado para as filas para fotos.



Ao lado do Portal, tem outro mirante bem legal com uma vista linda e é bem menos disputado. De lá é possível ver o Morro do Chapéu e outros morros da região.


Como era perto de Carolina, resolvemos retornar ao hotel para tomar café da manhã e tirar um cochilinho, mas tem a opção de comer em um local ali perto, no quiosque da Ivone.
- Complexo Turístico Pedra Caída
Alimentadas e descansadas, seguimos com nosso guia para o Complexo Turístico Pedra Caída (R$60, meia para estudante), um hotel, estilo resort, com maravilhosas cachoeiras, sendo que, além de pagar a entrada, é preciso pagar por cada cachoeira a ser visitada. Todas são de fácil acesso.

Começamos pela Cachoeira do Capelão, com uma queda pequena, mas com um delicioso banho e paisagens belíssimas ao longo do caminho. O acesso custa R$50 e já inclui a cachoeira da Caverna.


A parada seguinte foi na cachoeira da Caverna, cujo valor do acesso está incluso no do Capelão. A passagem é por uma linda e colorida caverna, o banho é uma delícia (a água não é fria) e dá para nadar até uma caverninha que fica atrás da queda d’água e ficar sentada na pedra para ser massageada pela água.


Para pegar o contra fluxo de pessoas (e deu super certo), deixamos a maravilhosa cachoeira do Santuário (entrada R$30,00) para o final. O caminho até ela é um espetáculo a parte, pois vamos pelos cânnions. Só não foi mais agradável o caminho, pois nos deparamos com uma multidão que estava voltando da cachoeira. Felizmente, dentro do Santuário foi possível ficar sem muita gente. O volume da queda d’água é de impressionar! Se quiser fotos, leve uma Go Pro ou uma capinha de celular estanque das boas, mesmo assim tem que ter cuidado, pois a força da água pode derrubar a câmera.


Encerramos nosso dia no Complexo da Pedra Caída com aventura! Subimos de teleférico por cerca de 25 minutos, até o topo do morro onde ficam algumas atrações: a Pirâmide Mística, mirantes, uma ponte suspensa e a tirolesa. O passeio de teleférico (ida e volta) custou R$60, mas achei mais seguro, além de mais rápido, descer de tirolesa (acreditem se quiser) e tive que pagar mais R$60 por ela. Para aqueles mais dispostos e/ou que querem economizar um pouco, é possível subir e descer pela imensa escadaria, mas não é grátis, custa R$30,00.







Apesar de ter gostado muito do passeio, não posso deixar de destacar alguns alertas sobre o Complexo da Pedra Caída:
1 – Principal alerta: não ir aos fins de semana! Fiquei horrorizada com a quantidade de pessoas (vários ônibus de excursão) em plena pandemia! A nossa sorte foi que estávamos com guia privado e ele era autorizado a entrar com o carro, de modo que íamos sozinhas e no contra fluxo para as cachoeiras, podendo aproveitar aqueles lugares incríveis praticamente sem ninguém. Para os que vão em carro próprio ou com excursão de ônibus, a única forma de chegar às cachoeiras é com o transporte (tipo um ônibus aberto) do complexo, com diversas saídas ao longo do dia, de modo que é praticamente impossível chegar sozinho às atrações;
2 – O almoço é self service e sem nenhum protocolo sanitário. Consequentemente, não almoçamos, comemos um salgado na lanchonete e depois um petisco na piscina;
3 – As piscinas são maravilhosas, porém, como estavam lotadas, não entramos nelas, apenas ficamos um pouco em uma das mesinhas comendo um petisco e tomando uma cervejinha;
4 – Eu não me hospedaria no resort, pois as diárias, bem caras por sinal, não garantem nenhum privilégio aos hóspedes, visto que eles precisarão pagar para ter acesso às atrações do complexo e terão que compartilhar o restaurante e as piscinas lotadas com os visitantes;
5 – É preciso ir preparado para gastar. Na entrada, a pessoa recebe uma pulseira onde todos os gastos são registrados, pagando apenas ao final. A título de exemplo, seguem meus gastos no Complexo: R$60 para entrar + R$80 pelas três cachoeiras + R$60 do teleférico + R$60 da tirolesa + R$ 60 dos comes e bebes, totalizando R$320. Cabe lembrar que, além disso, havíamos pago a diária do guia. Portanto, é preciso planejar as finanças para esse passeio.
- Cachoeira do Prata
Nossos destinos do último dia foram sem aglomerações, pois eram de difícil acesso, só podendo chegar com carro 4×4. Após mais de 1 hora chacoalhando no carro (a estrada é ruim), chegamos à Cachoeira do Prata (entrada R$30). O lugar é bem simples e tem uma cachoeira legal, mas não considero uma atração imperdível.



- Cachoeira São Romão
Para a segunda atração, seguimos por mais de 1h em uma estrada bem ruim até a Cachoeira São Romão (R$30 a entrada). Lá almoçamos um peixe delicioso e seguimos a pé por uma trilha curta até a cachoeira com uma prainha bem legal, onde é possível alugar um caiaque (R$10) e chegar bem pertinho da queda. Fomos agraciados com um belo arco íris!



O mais legal é ir andando até a parte de dentro da queda d’água e ficar contemplando aquele montão de água caindo!

No caminho de volta para Carolina, paramos na casa da dona Marinês para comer um delicioso bolo frito com café e fechamos o dia com mais um belíssimo pôr do sol na estrada.


- Informações finais
Em relação à alimentação em Carolina é bem limitada. Não esperava nada muito estruturado, mas tinha a expectativa de provar da culinária local com deliciosas comidinhas caseiras. Porém, não encontrarmos nada disso. Os turistas, pela noite, ficam concentrados na pracinha principal com alguns quiosques que oferecem lanches, pizzas e petiscos. Seguimos as dicas e comemos na Toca do Crepe e no Bar Chega Mais, porém o atendimento deixa muito a desejar. Portanto, vão sem muita expectativa!
Também achei bem peculiar a forma com que as agências de turismo trabalham. Fiquei bem chateada a princípio, mas, quando entendi que é o “modus operandi” deles, relaxei. É que eles fazem parceria entre eles sem avisar aos clientes. No meu caso, contratei a expedição com o guia indicado por uma amiga, mas ele só nos guiou em um dos passeios, nos demais enviou outros guias. A sorte é que todos eram muito bons.
As acomodações em Carolina são simples, mas confortáveis. Achei um bom custo benefício. Mas, não têm muitas opções para aqueles que gostam de luxo.
Como vocês viram, a Chapada das Mesas é belíssima, com lindas paisagens de cerrado, alguns pontos de Floresta Amazônica e cachoeiras e poços de tirar o fôlego! Porém, é uma região que precisa de um forte investimento em capacitação do pessoal que lida com o turista, no setor hoteleiro e na gastronomia local, além de um maior controle da quantidade de pessoas nas atrações, de modo a garantir a preservação ambiental e a não espantar os amantes da natureza.
Para chegar ao nosso destino seguinte, os Lençóis Maranhenses, pegamos um ônibus da JR4000 de Carolina para Imperatriz (R$40). Após 4 horas, descemos no Novo Hotel Anápolis, onde pegamos um táxi até o aeroporto. Apesar de ser muitíssimo perto, os taxistas exploram, não ligam o taxímetro e cobram pela cara da pessoa. Como o local é muito esquisito e era quase meia noite, não pedimos Uber, tendo que pagar os R$20 que o taxista cobrou. Ao chegar ao aeroporto, eles estava fechado. Isso mesmo, fechado! Naquele dia, o aeroporto fechava das 19h à meia noite. Sorte que, assim que chegamos ele abriu. Pegamos nosso voo para São Luís. O resto da aventura eu contarei no post seguinte.
Confiram os locais que visitei no mapa:
Até a próxima, pessoal!